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domingo, 21 de agosto de 2011

Você transformou meu tango nesse carnaval.

Texto da série "isso não é amor"; Escrito por volta de fevereiro de 2011.


          James e V. Namorados. Ex-namorados? Não sabiam. Durante muito tempo o relacionamento deles fora permeado de uma crescente impulsividade. - “Foda-se, eu já não quero mais saber nada de você.” - Disse ela, caminhando a passos largos e batendo a porta. Eles conheciam-se bem demais. Ele sabia da impulsividade dela, logo logo o remorso chegaria e ela bateria à sua porta denovo. - “Eu sei, agente brigou, mas eu estou disposta a denovo esquecer disso e seguir adiante.” - Beijavam-se calorosamente, e prosseguiam como se nada tivesse acontecido. Quantas vezes isso já não tivera acontecido? Nunca fora o fim derradeiro.
          Cabelos pretos curtos, olhos verdes, e a dúvida de que se dessa vez ela realmente iria voltar. Sempre brigavam por quaisquer que fossem os motivos. Ele era orgulhoso demais, ela explosiva. Estava tentado à pegar seu celular e ir atrás dela. Mas não. - “É só mais uma daquelas brigas, agente vai se resolver denovo.” - Ela estava demorando a voltar. Discou os números sem olhar, já discara tantas outras vezes, era puro movimento de inércia. O telefone tocou algumas vezes. Ela atendeu com a voz embargada de lágrimas que ainda estavam por vir:
- “Alo?” -
- “Você tá aonde?” -
- “No botânico, porque?” -
- “Então fica aí, já chego.” - Disse ele já de pé à caminho da porta.
          Alguns ônibus depois ele chegou, encontrou-a debaixo de uma árvore à beira de um pequeno lago. Ela, com seus cabelos esvoaçados pelo vento, sapatilhas de couro sujas de barro, e uma chamativa blusa vermelha. Sentada, desolada, simplesmente esperando. Ela descobrira-se acometida por um súbito e inexplicável mal estar. Algo estava por vir. Ele a surpreendera por trás, encostando as mãos nos ombros descobertos dela e sentando-se ao seu lado. Não olhava nos olhos dela, simplesmente olhava à esmo em direção ao horizonte. Começou a falar:
- “Sabe, tudo isso se tornou tão insano. Que eu acho que já não está mais me fazendo bem.” -
          Era duro para ele. Esquecer todos os momentos de ternura que tiveram e simplesmete embarcar na frieza para poder seguir adiante. Respirou fundo e continuou:
- “Paz, eu quero paz. Sabe, às vezes eu acho que esse nosso relacionamento já não é mais amor. É só ódio. São tantas brigas, tantos desafetos, tem mais ódio do que amor nisso aí.” - Olhou para ela, viu os pequenos olhos castanhos marejados de lágrimas. - “São tantos conflitos mau resolvidos. Tanta coisa que agente brigou e simplesmente demos por encerrado com um beijo.”
          Parou de falar, ficou alguns segundos olhando para a agua que refletia a luz do sol, ouvindo as árvores balançarem ao vento.
- “O que eu tenho pra te dizer é que não dá mais.” -
          Silêncio. Lágrimas irromperam dos seus olhos. As fazes vermelhas conseguiram dizer apenas poucas palavras a mais:
- “Agente vai ficar na saudade. Mas não dá mais. Todo esse jogo acabou.” -
          Partiu com as suas botas de couro, deixou V sentada, desolada. era o fim. Simplesmente isso. Partiu seu coração.

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