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terça-feira, 23 de agosto de 2011

Listen the things we said we'd do tomorrow.


Texto escrito por volta de Fevereiro de 2011.


       Fazia uma semana que o inverno começara, trazendo consigo suas aconchegantes roupas de frio. As árvores já haviam perdido suas folhagens na estação passada, agora eram apenas espectros secos de vida, apenas galhos secos e retorcidos chacoalhando ao vento constante. O céu tornara-se cinza, criando uma morbidez crescente na face dos transeuntes, passavam velozes cada um em direção a seus respectivos destinos. O caos de gente era apenas uma desordem aparente. Cada um tinha seu objetivo, seu destino.
       Os dias eram escuros, gelados, silenciosos demais.
       Esses dias faziam-o lembrar da “Velha Época”. Época que ele e a sua Katie estavam recém enamorados. A nostalgia vinha-lhe à cada vez que saía de casa. Via as pedras pretas e brancas das calçadas do centro da cidade, lembrava-se do som dos seus sapatos ecoando pela rua deserta, do som das passadas dela, curtas, de salto alto, rápidas e ritmadas. Ela com seus lábios escarlates, às vezes de batom, às vezes de vinho. Era uma paixão recém formada, de época na qual não tinham preocupações. Na verdade tinham, mas nada que fosse o definitivamente terrível. Eram jovens, eram despreocupados com tudo.
       Cigarros e garrafas permeavam seus encontros. Entre beijos apaixonados, abraços apertados, risos contidos e latas amassadas eles criaram o prelúdio de um incomensurável romance. Romance tal que perduraria durante muito tempo.
       “Sabe, eu acho que por mais que eu tente, eu jamais vou encontrar em absoluto a forma certa de te dizer o quanto eu te amo.” - Disse ele, logo após tomou um longo gole de cerveja.
       Ela tirou o cigarro da boca, deixando uma marca de batom no filtro - “Já basta, apenas um ‘eu te amo’ já basta.” - Disse ela, antes de retornar o cigarro aos lábios.
       “Afinal, no final nós só precisamos um do outro. Nada mais.”

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