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terça-feira, 30 de agosto de 2011

Pra não ficar pra trás.

Texto escrito sob a hiperatividade causada por samba, muito café, e um pouco do som de ukulele. Escrito em uma tarde cinza, de uma terça feira de agosto.




        Pra não ficar pra trás eu resolvi te escrever. Não pra ficar quite, nem pra competir. Só pra falar da felicidade que tu me causa. Pra retribuir a sensação de quando eu te leio. Da sensação que tu tem em mim. E em uma tarde de agosto, sob o céu laranja, eu me peguei repassando mentalmente aqueles nossos dias, as nossas conversas. Minuciosamente, com traços de Anne Rice. 
        Talvez seja pra trazer de volta tua sensação em mim. Talvez porque eu ainda tenha tuas unhas escritas nas minhas costas, ou algum cabelo teu perdido na minha jaqueta. Talvez pra lembrar daquele cheiro no teu pescoço, e da penugem das costas se eriçando com a minha respiração e beijos. Pra ouvir novamente tu falando das minhas mãos, ou pra sentir novamente tu "acariciando minhas linhas"; Pra sentir tuas mãos tremendo por causa do frio, do café, ou até de mim, quem sabe. E ver tu se esquivando do meu romantismo só porque isso faz parte do "plano maquiavélico"; Ou então, pra sentir teu corpo pequeno no meu. Meu medo contido de ser um rude e machucar tua constituição aparentemente frágil. Minhas mãos segurando teus quadris, as tuas unhas lacerando minha carne superficialmente. Tua pele quente na minha, nossos corpos juntos no chão gelado. Mas eu sei que tu não é "frágil", e sob hipótese alguma tu admite ser, teu corpo esconde muito mais do que essa tua língua ferina. Muita coisa da qual eu ainda vou descobrir.
        E depois de um episódio desgraçado na minha vida tu me apareceu, como que sempre esteve lá mas só se fez notar no momento certo. Alguns livros emprestados, e depois disso tu me teve em tão pouco tempo. A paixão arrebatadora, o ópio dos poetas arrebentou a minha porta à chutes, entrou, inundou, tomou conta e agora não quer mais sair. 
        Isso. É isso, não quer mais sair. E eu não vou deixá-la sair. Eu me agarrei à paixão, ao som da tua voz, às pupilas sem fim de poço-sem-fundo que só fazem me chamar, o contorno da aresta do sorriso, ao café-cheio-de-açúcar. E meus assovios perdem-se no vento junto com as ondas de rip tide. As palavras enredadas que tu escreve cheias de devaneios e contornos, embaraçadas feito teu cabelo enrolado, das quais eu tento extrair cada minúcia, cada sentimento. E no fim só têm nós. 
        Só pra não ficar pra trás.


Eu me ative a isso.
Eu me ative a ti.
Eu me tive a ti. 
Me chamei de teu. 
Te chamei de minha. 

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