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quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Claustrofobia, meu amor.

Escrito e portanto para ser lido ao som de "C'était salement romantique" da Coeur de Pirate

        Sabe, eu sou claustrofóbico. Claus-tro-fó-bi-co. Palavra bonita, não? Enfim, é isso mesmo. No sentindo mais clínico e neurótico da palavra. Nada de lugares pequenos e mal arejados, teto baixo, ar saturado, muita gente. Que lá vem a suadeira, o pânico, as palpitações.

        Mas não é bem sobre isso que eu vou falar.

        O fato é, é que meu amor é claustrofóbico também.

        Quando eu sinto, ele quer sair. Não consigo trancafia-lo dentro de mim por muito tempo. Talvez porque quando ele venha, ela venha gigantesco e simplesmente não caiba dentro de mim. E me enche feito um balão, toma cada espaço vazio, cada parte livre que eu tenho. E toma conta, completamente. E ele precisa sair. Eu preciso falar, preciso escrever. Eu quis te escrever uma música, ou então te pintar um quadro, feitos das coisas de amor. Só que eu não consigo, meu dom não é esse. E então meu amor resolve escapar pelas palavras, busca o espaço que já fora inundado dentro de mim nas folhas em branco.

E então eu pinto a minha sinfonia com a prosa.

        A “claustrofobia-do-meu-amor” é bem parecida com a minha claustrofobia. Quando esta começa, eu preciso imediatamente sair do lugar, buscar ar fresco, arejar os pulmões. E quando o amor começa, ele simplesmente não aguenta ficar muito tempo quietinho na dele. Quer sair, quer gritar. E pra sair, ele se joga nas minhas palavras que são levadas pelo vento.

        E por mais que pareça banal, eu gosto de dizer tantas vezes que “eu te amo”. Cada vez que eu digo, é um pedacinho que há dentro de mim que eu entrego pra você.

        E então, eu te entrego as minha canções, os meus desenhos e as minhas palavras. Todo o meu amor expresso em arte. Só pra fazê-lo libertar-se do claustro que é a minha carne. Te dou um pedaço da minha alma à cada texto.

        E sabe por que?

        Porque eu te amo.

2 comentários:

  1. Lindo, sem mais.
    Isa Kloss

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  2. Ah, a metáfora dos balões. Já se referiu a mim, sabia? E acho ela estonteantemente linda, talvez pela minha história.
    "Todos os suspiros inflaram balões, até que eles subissem ao cosmos." Foi isto que ouvi.
    Por isso sempre que ouço sobre balões, acho que o amor ali é bastante intenso. Me sinto até tola por sempre associar isso.
    Enfim, como comentei no post da Verônica: que perdure.

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