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sábado, 21 de janeiro de 2012

dezoito16

        Preto no braco.
        Vermelho na carne.
        E meu corpo no seu.


        Como se tudo fosse inevitável começou porque era eu. Se fosse outro não seria e se eu não estivesse lá na hora certa também não. Começou talvez porque ninguém sabe. Só sei que pra você começou comigo. Começou assim:
        Dedicado à todos vocês, para destruir.
        Um beijo talvez não fosse a palavra certa. O certo pra demonstrar o quão errado nós estávamos. E errado era sibilar as palavras no ouvido do outro. Mas esse errado era certo, e o certo era fazer você minha. Dentre tantos "minhas" que eu fiz de você um deles foi pra ter cada centímetro da sua pele só pra mim. Eu quis te ter de muitas maneiras. Quis sugar todas as tuas memórias, todo o teu passado, ter teu corpo só pra mim e saber das armar que você já usou. 
        Meus pés morrerão ao encostar nos seus.
        E as tuas unhas são a linha tênue entre o prazer e a dor que durante toda a tarde vão delineando rabiscos avermelhados pelas minhas costas. E nessa tarde, é como se navegássemos juntos. Ser teu marinheiro, buscar a sereia no fundo do mar e no meio das cobertas fazê-las das nossas ondas. E o que fiz foi afogar-me no mar de você, trazer pra dentro do teu pulmão os teus sons de como quem não consegue segurá-los. E quanto mais a água subia até meu peito mais nós nos entregávamos um para o outro. O nado sincronizado era a perfeita sincronia de movimentos ritmados que nunca precisaram ser ensaiados.  E o êxtase é por fim quando colocamos a cabeça para fora d'água, enchemos o peito de ar e novamente podemos respirar.
        Os olhos fechados e o movimento cada vez mais devagar só pra te ver louca. Sentir o cheiro da sua pele e passar a mão pelas tuas costas suadas. Ver tua pele arrepiada ao mínimo toque. Sibilar segredos de coberta no teu ouvido. Você se contorcendo, me abraçando, me beijando. E sorrindo. O sorriso, a cabeça virada, a mordida na coberta de quem já não consegue mais ficar em silêncio. E eu entregando-me todo. Você. Eu. Você de crueldade prolongando o inevitável só para me ver sofrer. Pra me ver implorar. Mas não tem como eu não implorar. Olhar para o seu corpo, acariciar os seios, percorrer toda a tua pele com beijos, tudo isso já me faz querer suplicar por você. E violar a tua vergonha. Te despir. Arrancar tuas peças de roupa aos beijos. Arrancar teus gemidos desesperados. À força.
        A falta de pensamentos cadenciados. Não é mais lógica. É só sentir.
        O êxtase.
        O frenesi.
        Os orgasmos.
        Só pra perder o romantismo, perder a razão e perder a compostura.

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