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segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

De todas as coisas que um dia eu quis dizer.

        Um texto tímido, que não é pra ter sentido, não é uma história, não é algo excepcional. É como se fosse apenas para colocar os pensamentos em ordem, e fazer tudo voltar ao normal, como você diz.



Eu queria um cigarro, companhia, ou alguma coisa pra beber.


        É como se ela me sugasse. Fizesse-me esvair-me toda a criatividade e deixasse apenas um monte de cinzas dentro do meu peito. Como quando eu tento escrever e sequer uma frase sai das minhas mãos. Esse é o texto paradoxal sobre não conseguir escrever. Pra escrever, eu preciso ler. Mas eu tenho uma dezena de livros-não-lidos na minha estante. Falta concentração. Falta papel e caneta. Faltam páginas. Falta eu.

        Justamente. Eu estou faltando dentro de mim mesmo. A minha alma foi sufocada por tudo o que aconteceu. E agora, a cada palavra que eu tento escrever eu tiro um punhado de terra de cima de mim mesmo. Vagarosamente a criatividade emerge da cova de cinzas e quebra a casca da lembrança que lhe impede de crescer. 
        Se fosse por falta de amor eu não sofreria. O problema é que há amor demais. Se houvesse orgulho, quem sofreria seria você. O problema é que tem mais amor do que orgulho.  Eu sei que eu posso fazer você sofrer, mas cada outro eu meu diz-me para não fazer isso. O amor está sobre todos os outros eus. O amor impede a vingança.
        Embora você nunca imaginasse, mas o Tyler também pode sofrer.
        E cada volta do disco é uma lembrança. Cada verso é um momento. Do gosto pungente da vodka gelada, do cheiro da pele, das tuas palavras. De todas as coisas que um dia eu quis te dizer.
        E de tantas coisas eu sei que eu posso perdoar,


mas nunca esquecer.





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