Você corre pelo pântano. Afunda até os joelhos na lama pestilenta. Respira os gazes tóxicos vindos das águas podres. É tudo tão sem vida. Está tudo morto.
Inclusive eu. E você me deixou assim.
Cada passo faz você afundar-se ainda mais. Cada passo suja as suas roupas ainda mais com a lama. Você sente sede. Você sente fome. E ninguém vai te ajudar.
Tampouco eu. Os mortos não ajudam ninguém.
A terra puxa você para dentro de si. As águas mortas lhe puxam. A lama lhe tira a vida. O ar lhe envenena.
E quem vai lhe dar o último empurrão vai ser eu.
Você sente fome. Corre através das árvores mortas buscando algo para se alimentar. Se você visse um ser vivo sequer você o dilaceraria, avançaria sobre ele feito um leão.
E você me encontra.
Mas eu já estou morto.
O pântano já me levou.
E quem me afogou foi você.
Eu sou agora nada mais que uma caixa de ossos. A carcaça pende apenas os fiapos de carne enegrecida. Você vê o sangue que eu repudiei misturando-se com as piscinas de piche. A pele seca assume a mesma cor da lama na sua pele.
O que corre pelas minhas veias agora é o piche quente. Minha carne agora é feita da lama. E eu respiro fumaça.
E foi você quem me deixou assim.
Você pisou com as botas na minha cabeça e afundou-me no fel.
Egoísmo. Ódio. Você nunca me respeitou. Você quem criou este pântano em mim. Deu-me apenas sujeira.
Mas você ainda sente fome. E meu coração bate dentro da podre caixa de ossos. Coma-o antes que os vermes o comam. Eu sou a sua última chance. Enfie a sua mão e sinta a sua pele queimando em meu sangue. Compartilhe a morte comigo. Apanhe meu coração.
E você mastiga. Sente na sua boca o gosto do betume. Cobre seu rosto com meu sangue negro.
Mas os mortos não ajudam ninguém.
O gosto é amargo. O sangue é alimentado pelos venenos do pântano. E a carne pulsante que você traz nas mãos transforma-se em areia. Pouco a pouco o pântano te sufoca. A sua visão escurece e você lentamente vai caindo nas águas profundas do esquecimento. O pântano lhe consome. Você cai nas piscinas de piche e queima. Queima com o meu sangue.
Eu me levanto e parto.
E o pântano, e você, e o coração transformado em areia ficam no esquecimento, irmão.
Inclusive eu. E você me deixou assim.
Cada passo faz você afundar-se ainda mais. Cada passo suja as suas roupas ainda mais com a lama. Você sente sede. Você sente fome. E ninguém vai te ajudar.
Tampouco eu. Os mortos não ajudam ninguém.
A terra puxa você para dentro de si. As águas mortas lhe puxam. A lama lhe tira a vida. O ar lhe envenena.
E quem vai lhe dar o último empurrão vai ser eu.
Você sente fome. Corre através das árvores mortas buscando algo para se alimentar. Se você visse um ser vivo sequer você o dilaceraria, avançaria sobre ele feito um leão.
E você me encontra.
Mas eu já estou morto.
O pântano já me levou.
E quem me afogou foi você.
Eu sou agora nada mais que uma caixa de ossos. A carcaça pende apenas os fiapos de carne enegrecida. Você vê o sangue que eu repudiei misturando-se com as piscinas de piche. A pele seca assume a mesma cor da lama na sua pele.
O que corre pelas minhas veias agora é o piche quente. Minha carne agora é feita da lama. E eu respiro fumaça.
E foi você quem me deixou assim.
Você pisou com as botas na minha cabeça e afundou-me no fel.
Egoísmo. Ódio. Você nunca me respeitou. Você quem criou este pântano em mim. Deu-me apenas sujeira.
Mas você ainda sente fome. E meu coração bate dentro da podre caixa de ossos. Coma-o antes que os vermes o comam. Eu sou a sua última chance. Enfie a sua mão e sinta a sua pele queimando em meu sangue. Compartilhe a morte comigo. Apanhe meu coração.
E você mastiga. Sente na sua boca o gosto do betume. Cobre seu rosto com meu sangue negro.
Mas os mortos não ajudam ninguém.
O gosto é amargo. O sangue é alimentado pelos venenos do pântano. E a carne pulsante que você traz nas mãos transforma-se em areia. Pouco a pouco o pântano te sufoca. A sua visão escurece e você lentamente vai caindo nas águas profundas do esquecimento. O pântano lhe consome. Você cai nas piscinas de piche e queima. Queima com o meu sangue.
Eu me levanto e parto.
E o pântano, e você, e o coração transformado em areia ficam no esquecimento, irmão.
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